O que você faz depois de passar o Reveillon bebendo na rua em Milão? Você chega em casa meio alcoolizada e reserva um hotel para o dia seguinte em Bergamo, claro, e só lembra quando acorda com a notificação da reserva confirmada no celular. Ops!
Ok, Bergamo é pertinho de Milão, fiquei com vontade de visitar depois de ver as fotos da minha amiga lá alguns dias antes e o que mais eu teria para fazer no dia 1 de janeiro, né?
Então, embarquei no trem e, 45 minutos depois, cheguei em Bergamo (não sem antes cair no vão entre o trem e a plataforma na Milano Centrale – nada como começar o ano com um micão!)
Bergamo é uma cidade bastante peculiar por ser bem dividida em duas partes: a Città Alta, onde fica o centro histórico, e a Città Bassa, que é a parte mais moderna. Ela pode ser visitada em apenas um dia e é tão fotogênica que a melhor forma de falar dela é falando de lugares para fotografar!
Então, já baixe o Lightroom e vem comigo:
1. Funicolare
Há diversas formas de chegar na Città Alta – ônibus, carro ou até a pé, por um caminho relativamente amigável, apesar da subida, que passa pela Porta San Giacomo.
O mais popular, no entanto, é pelo funicolare, uma espécie de bondinho que sobe uma baita ladeira em cerca de três minutos. O bilhete custa 1,30 e, dependendo do horário e da quantidade de visitantes, a espera é relativamente rápida.
Se der, para subir, fique na parte de trás do carrinho. Assim, você conseguirá ver a Città Bassa ficando mais longe conforme ele sobe – é uma vista mais interessante que a da frente, que é mais dos trilhos que de qualquer outra coisa, como você pode ver na foto que eu tirei. 😛
2. Porta San Giacomo
Como a descer todo santo ajuda, ir embora da Città Alta pode ser feito a pé, passando pela Porta San Giacomo. É só descer a ruazinha à esquerda da estação do funicolare na Città Alta e seguir o fluxo até chegar à porta.
Ela é belíssima, toda feita em mármore, e é a única das quatro portas de Bergamo que pode ser vista da Città Bassa. Foi construída em 1572 e, hoje, é Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco.
Saindo dela, há uma passarela de pedra que vai até a Città Bassa e oferece ótimos ângulos para as fotos. À noite, toda iluminada, fica ainda mais bonita!
3. Piazza Vecchia
É, provavelmente, o ponto principal da Città Alta e lar do poder político e econômico da cidade por muito tempo. Hoje, tem edifícios históricos, como o Palazzo della Ragione, a torre Campanone e a fonte Contarini (pode encher sua garrafinha de água aqui, hidratação sempre em primeiro lugar). Também é rodeada de restaurantes e cafés históricos e é uma delícia parar ali para observar o movimento!
4. Polenta e osei
Falando em observar o movimento na Piazza Vecchia, um bom lugar para fazer isso é o Caffè del Tasso. Ele existe no mesmo lugar desde 1476 (!!!!) e, antes de 1681, era conhecido como “pousada das duas espadas” porque, na praça, ocorriam os duelos da cidade. Pensa num lugar muito antigo!
Com uma ótima seleção de cafés e vinhos, é impossível visitar o Caffè del Tasso sem imaginar os séculos passando pela janela. Aproveite para pedir uma polenta e osei, um doce típico da região. É feito com polenta doce, creme de amêndoas e, por dentro, uma espécie de pão de ló recheado (me lembrou um pouco um bem casado), com um simpático passarinho de chocolate ou marzipã em cima.
5. Basílica de Santa Maria Maggiore
Logo atrás da Piazza Vecchia, ficam duas das principais igrejas da cidade: a Catedral de Bergamo e a Basílica de Santa Maria Maggiore.
Selecionei só a segunda como lugar para tirar foto, mas não significa que a primeira também não mereça sua visita e seus enquadramentos. Ela é bastante interessante, com afrescos, tapeçarias, esculturas e até a tiara papal de São João XXIII.
Mas a Basílica de Santa Maria Maggiore é, para mim, muito mais bonita. A fachada é feita de mármore rosa e branco, com leões que guardam as portas em cada entrada – note que essa igreja tem apenas entradas laterais. Por dentro, a arte nas abóbadas são de tirar o fôlego. É uma catedral majestosa que merece ser admirada com calma.
6. Torre della Campanella
Fica bem na entrada da Citadella, que é um complexo de prédios que serviu como abrigo militar e, hoje, tem o museu arqueológico de Bergamo e o museu de ciências.
Trata-se de uma torre com um relógio que foi construída em 1355 e passou por várias modificações ao longo dos séculos, como a inclusão do sino.
A Torre della Campanella foi restaurada em 2010 e, hoje, é possível ver claramente o afresco com o brasão do Reino Lombardo-Vêneto e as decorações em mármore do século XVIII, além das horas certinhas, já que o relógio voltou a funcionar. 😉
7. La Stracciatella
Não tenho medo de estar errada ao afirmar que o melhor sorvete de flocos que tomei está em Bergamo, na La Marianna. Criado em 1961 nesse mesmo lugar, ele é até hoje produzido de acordo com a receita original. É um gelato bem cremoso e saboroso, sem ser doce demais, com pedaços de chocolate de diversos tamanhos misturados.
O sorvete Stracciatella é inspirado na sopa de mesmo nome, bem típica do centro da Itália, que recebe um ovo cru que é cozido no caldo quente. Para o sorvete, a calda quente de chocolate é despejada no gelato e forma aquela casquinha fina e dura. Quando tudo é misturado, são formados os flocos.
8. Parco di San Giovanni
Seguindo a rua de fora do muro da Città Alta, a Via Dalle Mura, você chegará a um pequeno parque. É o Parco di San Giovanni, de onde é possível visitar um forte subterrâneo construído há mais de cinco séculos. Da superfície, no canto, está um dos pontos mais fotografados de Bergamo, com uma vista panorâmica da cidade.
9. Monumento ao Partigiano
Localizado na avenida que dá na estação de trem, o Monumento ao Partigiano é um dos que mais me tocou entre tantos em homenagem aos caídos das guerras na Itália.
Nele, há um rapaz pendurado pelos pés, morto, e uma moça que se aproxima. Representam um partigiano, nome dado aos civis que fizeram parte da resistência ao avanço dos nazistas na Itália na II Guerra Mundial, e uma mãe ou esposa que o encontra.
Na parte de trás, há um poema: “Partigiano, te vi pendurado imóvel. Só o cabelo se movia levemente em seu rosto. Era o ar da noite que sutilmente deslizava no silêncio e te acariciava como eu gostaria de ter feito.”
10. Viale Roma
Essa rua muda de nome, mas é a mesma do Monumento ao Partigiano e tem ângulos bastante interessantes de contraste entre a Città Bassa e a Città Alta, que aparece sempre ao fundo.
Para sair da estação de trem já fazendo fotos! 😉
Bônus: Castello di San Vigilio
Eu não consegui visitar, mas uma amiga me recomendou pegar outro funicolare na Città Alta e conhecer o Castello di San Vigilio. A construção tem origem entre os séculos IV e VI para fins militares, mas também foi a residência de governantes de Bergamo. Além da importância histórica, tem uma vista linda para os Alpes.
Se você tiver fotos de lá, compartilhe nos comentários 😉