Você lembra como era voar antes de 11 de setembro de 2001?
Eu não lembro, mas tenho uma ideia. Sei que as checagens de segurança ficaram muito mais rígidas depois disso.
Nos EUA, é preciso tirar os sapatos e passar por um raio-x do corpo inteiro. Em alguns outros países, também existe essa verificação. Já tive até que abrir a mala de mão para verificarem que meu Playstation 3 era, de fato, um console de videogame, e fui levada pra uma salinha de revista separada porque estava com um cartão no porta-dólar debaixo da blusa.
Grandes acontecimentos causam mudanças na forma como viajamos. E, quando a crise do coronavírus for superada, com certeza deixará sequelas também nas nossas viagens: além do enorme impacto na indústria, prepare-se para mudar toda a trajetória dentro de um aeroporto, até a chegada ao destino.
A SimpliFlying, empresa especializada em marketing para aviação, fez um estudo no qual aponta mais de 70 momentos em que essa jornada sofrerá mudanças. A análise completa pode ser vista neste link.
Aqui no post, trago alguns dos principais pontos e aproveito pra te convidar a pensar também no que você imagina que será imediatamente diferente. Os comentários estão lá no fim pra você me contar! 😉
Vale lembrar: isso tudo é um estudo, ou seja, não são medidas oficiais, ok?
1. Sem contato
Tudo que o próprio passageiro puder fazer, ele fará. Além do self-check in, podemos esperar o self-despacho de bagagem e self-checagem de passaporte – alguns aeroportos já têm isso, como o JFK, em Nova York.
Barreiras de proteção, parecidas com os vidros que vemos em Lotéricas no Brasil, serão colocadas em todos os balcões, para criar um bloqueio entre os funcionários e os passageiros e limitar o contato que eles têm us com os outros.
2. Sem aglomeração
O espaço do aeroporto vai sofrer mudanças. A primeira impacta quem nem vai viajar: acompanhantes devem ficar do lado de fora; só entram nos aeroportos os viajantes. O layout dos aeroportos poderá ser revisto para que haja mais espaço e menos aglomerações.
Se você é dos que se irrita ao ver a fila do embarque, essa é pra você: cada passageiro receberá uma notificação no celular avisando quando é hora de se levantar e ir até a aeronave, acabando de vez com essas filas.
3. Distanciamento
Também haverá um cuidado extra com os pontos em que tradicionalmente há aglomerações: check-in, sala de embarque, raio-x… Todos respeitarão o distanciamento mínimo entre pessoas, seja com espaço delimitado nas filas, seja com poltronas bloqueadas.
Isso também vale para os aviões: os assentos serão designados pelas próprias companhias aéreas para garantir o distanciamento, e algumas poltronas deverão simplesmente ser deixadas vazias.
4. Sanitização
Haverão “estações de sanitização”, com álcool gel disponível para limpar as mãos, além de máscaras e luvas fornecidas pelas companhias aéreas.
Aliás, o uso de máscaras em toda a jornada traz um novo problema: quais serão as mudanças na segurança, já que as pessoas estarão, obrigatoriamente, com metade do rosto coberto.
5. Checagem de segurança
Será necessário andar com um comprovante de que você tem anticorpos contra o coronavírus e, depois da vacina ter sido desenvolvida, de que está vacinado. Os passageiros também terão a temperatura medida, talvez por um scanner desenvolvido só pra isso, e um estado febril pode literalmente impedir que você embarque. A temperatura também poderá ser medida na chegada ao destino, antes da entrada no novo país. Achou ruim? Alguns aeroportos, como em Viena e Hong Kong, já estão realizando testes de sangue nos passageiros antes de deixá-los entrar.
Além de tudo isso, há a possibilidade de um corredor de desinfecção, possivelmente na ponte de embarque. As malas também passarão por um processo assim, tanto as de mão, no raio-x, quanto as despachadas, antes e depois do voo.
6. Mudanças nos voos
Além das poltronas vazias, outras medidas serão tomadas dentro dos aviões. Uma delas é a diminuição das refeições servidas durante o voo, com o incentivo de que cada um leve seu próprio lanchinho, de casa ou comprado no aeroporto (em máquinas touchless!). Os comissários, claro, usarão toda a vestimenta de proteção, incluindo a máscara, que também será obrigatória para os passageiros durante o voo. Eles também oferecerão lenços desinfetantes, para que cada passageiro limpe sua própria poltrona.
Durante as explicações dos procedimentos de segurança, será adicionado um trecho que fala especificamente sobre doenças como o Covid-19, e revistas de bordo e quaisquer outros materiais que ficam na bolsa atrás das poltronas serão coisa do passado. Também se fala na criação de um novo posto de trabalho para comissários: seria uma espécie de zelador, que cuidaria da limpeza durante o voo de áreas muito frequentadas, como o banheiro.
Outra possível mudança é a diminuição no uso do entretenimento de bordo, com cada passageiro preferindo usar o próprio dispositivo para ver filmes.
7. Destinos
Inicialmente, as viagens locais devem ganhar força. Primeiro, porque as fronteiras fechadas reabrirão gradualmente. Depois, porque será preciso que as pessoas recuperem a confiança. Além disso, há o componente financeiro: talvez, viajar se torne ainda mais caro. Por fim, é possível que os países incentivem esse tipo de viagem, para reaquecer o turismo de forma relativamente segura – a Itália já está nessa.
Neste último ponto, há um agravante: acha que chegar duas horas antes para um voo internacional é chato? Imagine que, para passar por todas essas checagens poderá ser necessário ao menos quatro horas de antecedência! Viajar de avião pode se tornar uma experiência tão cheia de inconvenientes que as pessoas preferirão, sempre que possível, ir de carro, ônibus ou trem.
8. E os preços?
Teremos aviões saindo sempre abaixo da lotação máxima, investimentos altos que devem ser feitos para garantir a segurança e a sanitização em todas as etapas da viagem, novos cargos que podem ser criados… O custo de viajar, para a companhia aérea, com certeza ficará maior. E para nós, que já contamos nossas moedinhas para viajar, como vai ficar?
Eu não tenho a resposta, mas tenho suposições, rs. A indústria, que já está sofrendo com a crise, vai ter que se adaptar a um novo mundo e a novas demandas, com pessoas que muito provavelmente não estarão dispostas – ou podendo – gastar mais do que já gastam em viagens. Que, cá entre nós, já são caras.
E você, o que acha que vai acontecer com as viagens pós-covid?