Imigração de Londres: a história de como e por que quase fui barrada!

A viagem para Londres foi a primeira vez que viajei como cidadã italiana dentro da Europa. Então, além de conhecer a cidade em si, também estava ansiosa para saber como seria viajar só com a CIE, sem o passaporte italiano (que, diga-se de passagem, nem estava pronto no dia) e sem usar o brasileiro também – mas levei, só porque vai que.

Quem me conhece sabe que passar pela imigração de qualquer país é um dos meus maiores medos da vida. Mas, dessa vez, eu estava tranquila: a Inglaterra ainda fazia parte da União Europeia, apesar do Brexit batendo na porta, então eu não esperava absolutamente nenhum problema.

Leia também: Imigração x Brexit: como morar no Reino Unido com cidadania italiana

Para estender o privilégio ao meu marido, levamos a certidão de casamento, já transcrita na Itália, que havíamos buscado na semana anterior no comune onde fiz o reconhecimento da cidadania.

Nada poderia dar errado. E quase deu tudo errado.

Entrando na Inglaterra como italiana

A primeira “surpresa” foi a fila onde nos colocaram no controle de passaporte do aeroporto Stansted: a “outros passaportes”. Todo mundo tinha me falado que passaríamos pela fila da União Europeia, mas, pelo que entendi depois, viajar só com a CIE não te dá acesso a ela.

Bem garota-propaganda do passaporte italiano para dizer que eu NÃO fui com ele para Londres, rs

Tudo bem: uma hora e meia na fila da imigração costuma ser o normal quando viajo mesmo.

Com só dois guichês abertos, tivemos bastante tempo para reclamar de dor nas costas, aceitar que perderíamos o transfer que já estava pago e, quando não havia mais o que pensar, lembrar que sequer tínhamos checado os pré-requisitos para entrar na Inglaterra.

Por curiosidade: no site do Itamaraty, é dito que “costumam solicitar apresentação de bilhete aéreo de retorno, prova de capacidade financeira para se manter no Reino Unido, reservas de hotel, cartas de amigos onde se hospedará etc.” Nada fora do normal!

Me achando ainda bem dona da União Europeia inteira, embaixadora do Espaço Schengen, o próprio Brasil Que Deu Certo com minha carta d’identità, tinha como única preocupação explicar que estava acompanhando meu marido, que não tem a cidadania. Tinha também o endereço da casa da amiga que nos hospedou e o bilhete de volta. Deve ser suficiente, né?

O chá começa a entornar

Quando chegou nossa vez, a primeira encrenca do oficial da imigração foi com a foto do passaporte do meu marido: ele ele raspou o cabelo antes de vir para a Itália e estava com outro visual nessa foto, o que rendeu muitas conferidas apesar da piada “casou e perdeu o cabelo, né?”

Em seguida, pediu um documento que mostrasse a residência dele na Itália. Ele ainda não tem o permesso di soggiorno, mas tinha feito o pedido na manhã daquele dia, antes de ir para o aeroporto; expliquei isso para o oficial e ele pediu para ver o recibo, então. Primeiro strike: meu marido tinha esquecido na nossa casa!

Mais um documento que eu tô mostrando neste post e NÃO tínhamos quando fomos para Londres

Acho que a única coisa que aliviou a nossa barra ali foi a minha cara de incredulidade, então o oficial mudou de assunto e começou a perguntar sobre o casamento. Desde quando somos casados? Onde foi o casamento? Temos uma certidão de casamento?

Sim, isso tínhamos; inclusive, transcrita na Itália!

Entregamos para ele, que olhou por cima e perguntou onde estava a original. Confirmei que era a original e ele me advertiu para algo extremamente óbvio: aquilo era um papel impresso com um carimbo.

Se você já viu uma certidão na Itália, é assim mesmo que elas são. Como a nossa não estava apostilada – na verdade, só agora me passou pela cabeça fazer o apostilamento – , parecia perfeitamente um documento que poderíamos ter impresso em casa!

A segunda bandeira vermelha da certidão de casamento veio da data: 9 de janeiro, praticamente uma semana antes da viagem. “Que data é essa?”, perguntou, e respondemos que é a data que a buscamos. “Mas vocês não casaram em agosto??”

A essa altura, eu já estava procurando as câmeras do programa Aeroporto da National Geographic. Depois disso, precisamos explicar que sim, casamos em agosto; pedimos a transcrição em dezembro, mas só ficou pronta naquela semana; a original do Brasil ficou no comune e, mesmo tendo pedido de volta, o oficial não quis dar.

Quanto mais eu explicava a história em voz alta, mais eu entendia como ela era fraca, apesar de ser tudo verdade.

Cuidado com a contradição

Enquanto isso tudo acontecia, ele olhava atentamente para minha CIE, prestando atenção em todas as marcas holográficas e repetindo algumas das perguntas anteriores. Perguntou por que eu tinha a cidadania, quando tinha feito o reconhecimento, qual a cidade onde morava (e acrescentei, enquanto ele olhava fixo para a cidade na minha CIE, que tinha feito o reconhecimento naquela e hoje morava em outra), em que país tinha nascido… Minha formação como aluna-ouvinte no programa Aeroporto me permitiu entender que ele estava vendo se um de nós cairia em contradição nessa hora!

Acho que esse é o momento em que muita gente se complica, porque acaba ficando nervoso e sem querer cai em alguma contradição, fala algo que não deveria… Então, mantenha sempre a calma ao passar pela imigração e NUNCA minta!

Em certo ponto, também perguntou a duração da nossa viagem e, quando falei que voltaríamos dali a dois dias, já estava esperando para me recusar a assinar o termo de concessão de imagem da National Geographic. Por sorte, tinha a confirmação da passagem de volta no celular. Quanto à hospedagem, falei apenas que ficaria na casa de uma amiga e ele não perguntou mais nada, nem pediu uma carta-convite.

Como passar pela imigração em Londres

Talvez isso tudo não tenha durado nem cinco minutos, mas, para nós, foram uns 15. Foi a pior experiência de imigração pela qual passei na vida até agora.

Talvez tenham engrossado ainda mais o controle por conta do Brexita viagem foi no dia 16 de janeiro e o Reino Unido entrou no período de transição para sair da UE no dia 31 – , mas já ouvi vários relatos de como a imigração de Londres é realmente rígida.

Quando finalmente fomos liberados, tínhamos perdido o transfer por poucos minutos, o que só piorou o humor. Pagar um Burger King em libras também não ajudou tanto, e não conseguir embarcar no ônibus seguinte fez com que a gente tivesse que pagar o trem mesmo e, no fim, chegar umas duas horas depois do esperado, o que garantiu a Londres a Pior Chegada Num Novo País, superando a primeira vez que fui a Nova York, perdi o papel com o endereço da minha amiga e estava sem bateria no celular.

Ainda bem que tinha um (dois, três…) pint em Camden com as amigas para aliviar essa tensão toda 😉

Você já teve algum problema com a imigração na Inglaterra? Conta aqui pra gente!

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Giovana mal pode esperar pela terça-feira à tarde na qual estará tomando um drink numa praia no Mar Mediterrâneo rindo muito de tudo isso. Enquanto isso, escreve sobre viagem e morar no exterior por aqui!