Enquanto pesquisava o que fazer na nossa semana em Barcelona, em alguns momentos vi fotos de um lugar bem… modernista. E bem lindo, que nunca tinha visto antes! Era o Palau de la Música Catalana, ou Palácio da Música Catalã.
Ele fica numa via estreita na região de El Born, ali pelo Bairro Gótico, e quase na Via Laietana. E o encontrei muito sem querer: só passando o olho pelos prédios, fiquei curiosa com o que era aquilo. Ao entrar no saguão, demos de cara com uma entrada de teatro tão bonito e tão diferente de tudo que já tínhamos visto que decidimos fazer a visita naquela semana!
Só não foi no mesmo dia porque a gente queria ir pra praia, rs.
Palau de la Música Catalana: como visitar
A não ser que tenha algum concerto, visitar o Palau de la Música Catalana custa uns 10 euros. Assim como na Sagrada Família, ele vem com um áudio-guia pra aprender sobre sua história e entender o que está vendo.
“Ixi, mas não trouxemos o fone de ouvido”, falei pra moça que nos explicou como acessar o guia.
“Não precisa, a essa hora não tem ninguém”, explicou sorrindo.
Fomos cedo, por volta das 11 da manhã, seguindo a lógica de chegar cedo nos pontos turísticos pra aproveitar sem aglomeração. Imagino que esse não seja um ponto turístico tão badalado a ponto de precisar se antecipar, mas éramos os únicos visitantes; quando estávamos saindo, vimos uma família chegar e só.
Como é o Palau de la Música Catalana
O Palau de la Música Catalana é uma sala de concertos criada em 1908 para o Orfeu Catalão, que é um grupo de coral fundado em 1891. Ele foi projetado pelo arquiteto modernista Lluís Domènech i Montaner e demorou três anos pra ficar pronto.
Ele nada mais é que um teatro focado em apresentações musicais. A visita começa pelo café, que fica ao lado de uma sala de ensaios, onde pudemos ouvir uma banda tocando como se estivesse em uma jam session. Em seguida, subimos as escadas passando pelos detalhes de vidro amarelado e teto decorado e fomos até a varanda, que faz sucesso no Pinterest com suas colunas de mosaicos coloridos.
Depois, para a sala de concertos e, por fim, subimos mais um pouco até as cadeiras superiores. Todo esse percurso é feito olhando para cima, para os lados, para cada canto possível. Todo detalhe da arquitetura faz com que o Palácio inteiro pareça uma obra de arte. Minha cabeça imediatamente o compara com o Theatro Municipal de São Paulo, mas é bem diferente: é menor, menos “luxuoso” mas infinitamente particular.
Aliás, coloquei “luxuoso” entre aspas porque é uma outra ideia de luxo: enquanto no Theatro impera aquela visão bem europeizada e até clichê de luxo – ouro, mármore, estátuas gregas – , o Palau tem mosaicos, cristais e cores por todos os lados. A sensação é mais convidativa, mais receptiva, enquanto num Theatro mais “luxuoso” você se sente quase um intruso ao chegar de metrô e não de carruagem (vale comentar: o Palau também tinha uma entrada pra carruagens).
O grande espetáculo: a sala de concertos
Todo o caminho prende a atenção, mas é na sala de concertos que está o ponto alto da visita. Antes de entrarmos, fomos avisados que não poderíamos subir no palco. Estava acontecendo uma passagem de som pra uma apresentação naquela noite.
Dá uma ouvida na potência:
“…A gente poderia subir no palco??” Aparentemente, sim! Mas nos contentamos em nos sentar nas cadeiras vazias para ouvir com calma o áudio-guia e identificar cada detalhe.
Enquanto isso, surgiu um técnico e começou a tocar o órgão. Sem querer, nos deu uma amostra de como é essa caixinha de música depois de dar corda.
Quando falo em caixinha de música, confesso que não é ideia minha: segundo o áudio-guia, a intenção de Montaner era justamente essa.
Ao chegar na sala de concertos pela primeira vez, você entra pelo corredor central e enxerga o palco com o órgão enorme no topo. O fundo do palco tem o formato de uma meia-lua, como esculturas de musas com diferentes instrumentos musicais saindo das paredes, com seus corpos completos com mosaicos.
No proscênio, há um busto de Beethoven e uma escultura impressionante que simboliza a Cavalgada das Valquírias. Do andar, superior, dá pra admirá-la mais de perto.
Uma caixa de música de cristal
A luz que entra pelos vitrais coloridos nas janelas cria uma iluminação suave na sala. Não é à toa; a estrutura do Palau foi feita de ferro pra permitir janelas por toda parte e aproveitar a luz natural. Mas também há luminárias que ficam nas colunas, como lustres amarrados. Inclinadas, elas têm um posicionamento estranho de ver, mas deixam o ambiente aconchegante com uma luz amarelada.
No entanto, nada se compara à claraboia.
Trata-se de um domo invertido, que se projeta sobre a sala como se fosse deixar pingar gotas de cristal na plateia.
No centro, forma-se um sol e, nas extremidades, há rostos de mulheres representando um coral. É daquelas coisas tão bonitas, tão exatas que nem parecem reais. Difícil acreditar que é uma tonelada de vidro apontando pra baixo!
Ainda no teto, há mais detalhes pra ver – quer dizer, tem detalhe pra ver por toda parte. Rosas esculpidas ao longo de todo o teto, colunas e os arcos decorados com mosaicos, desenhos como guirlandas nas janelas…
Aliás, tudo é muito floral. Esse é um tema recorrente em todo o Palau, pra não dizer que é o tema principal! Pensando agora, também conversa muito com as cores: lembro de ver tons pastel, rosa, vermelho-tijolo…
Um pouco fora do roteiro, mas poderia entrar!
O Palau de la Música Catalana, apesar de ser um dos marcos do modernismo m Barcelona, não é tão procurado quanto outros pontos. Por exemplo, a Casa Batllò ou a Casa Milà sempre estão nos roteiros! Talvez por não ter sido projetado por Gaudí, ele fique meio de escanteio…
Mas a localização do Palau é fácil (ou você vai pra Barcelona e não vai bater perna ali pelo Bairro Gótico??) e o ingresso é mais barato que o dessas outras atrações! Portanto, se quiser me perguntar se vale a pena, acho que esse post já respondeu, né? 😉