Entre os pontos turísticos para conhecer em Roma, o Panteão ocupa um lugar de destaque, mas me parece que não é um tão nobre quanto o Coliseu ou o Vaticano. Talvez seja porque ele é um pouco menor e tem entrada gratuita? Não sei.
Só sei que, se essa for sua visão sobre o Panteão, olhe de novo, porque olhou errado! O Panteão foi, para mim, uma das visitas mais curiosas de Roma. Mas é preciso prestar um pouco mais de atenção e ver além da impressionante construção para sentir o impacto.
Um prédio da Roma Antiga
O Panteão está em pé desde o ano 126 e é uma das construções mais bem conservadas do Império Romano. Como o nome indica, ele era, originalmente, um templo pagão. É só observar a sua estrutura e pensar em qualquer referência de templo antigo que você tenha:
A construção do Panteão, aliás, é toda particular. A cúpula é um espetáculo à parte: é, até hoje, a maior da Itália, com 43 metros de diâmetro (a do Duomo de Florença perde por um metro). E não tem uma estrutura, ou seja, é só concreto. É um feito tão particular que até hoje engenheiros e arquitetos o estudam: mesmo com grandes rachaduras, a cúpula permanece ali, segura, há quase dois mil anos.
As paredes do Panteão são tão grossas que não tem como colocar janelas ou vitrais: a única maneira de entrar alguma luz lá dentro é pela abertura no topo da cúpula. Sim, também entra chuva, que é drenada por uma espécie de ralo no centro.
Aproveite a visita e experimente o melhor café do mundo. Fica pertinho do Panteão!
Por dentro
O Panteão é impressionante, diferente de tudo que você já viu. Mas, ainda assim, familiar, tem algo de familiar. É difícil de explicar!
A cúpula imensa no topo exige ser a primeira coisa para a qual você olhará ao entrar. Ela tem uma textura que lembra molduras (desculpa, gente, sou leiga) que vão ficando menores até chegar na abertura.
Descendo o olhar, as paredes e o chão do Panteão são decorados com mármore em nichos e colunas majestosos. É um grande ambiente redondo, como uma ampla sala luxuosa e silenciosa – se ouve apenas os murmurinhos de quem está visitando, já que é um ambiente sagrado. E, sinceramente, mesmo que não fosse, o Panteão é tão imponente que você nem conseguiria falar alto lá dentro.
Em toda a volta, há túmulos igualmente majestosos de figuras importantes para a história da Itália, como o rei Vittorio Emanuele (primeiro rei da Itália; é um túmulo preto e dourado que é muito diferente) e o artista Raffael Sanzio (o mesmo das Tartarugas Ninja, rs).
A tumba do Rafael, aliás, tem uma frase bem bonita sobre suas obras: “Aqui jaz Rafaello, pelo qual a natureza temia ser vencida enquanto era vivo; mas, agora que é morto, teme morrer também”.
E, se você quiser se sentar para apreciar os detalhes, há alguns bancos enfileirados ao fundo, de frente a um… altar católico?!
Conversão em igreja
Aqui vem a parte mais legal: o Panteão, como o nome indica, foi criado como templo pagão, dedicado a deuses da Roma Antiga. Mas, na verdade, ele é uma igreja dedicada a Santa Maria e os Mártires.
Isso mesmo: o Panteão é uma igreja católica!
A conversão do templo foi no ano 608, quando o papa Bonifácio IV ordenou que fossem colocadas lá as ossadas de mártires cristãos. E, sim, tem missa até hoje, todos os dias!
É muito interessante visitar o Panteão sabendo que ele é uma igreja porque definitivamente não parece com uma. Tem algo de familiar com tantas outras igrejas que conhecemos, mas é muito diferente. Quer dizer, além dos bancos e do altar, não tem praticamente nada que seja reconhecível (facilmente, pelo menos).
Não tem a nave, o corredor que leva até o altar, e a construção redonda incentiva um outro tipo de caminhada. Não há vitrais, nem a arte sacra pelas paredes, e até o ato de parar e admirar cada espacinho vem, para mim, de um estímulo diferente: a novidade, a curiosidade de estar em um templo de quase dois mil anos, tão preservado.
Não tem como estar ali sabendo de tudo isso e não pensar sobre todas as apropriações que o domínio católico fez sobre as culturas antigas e quanta coisa não existe mais – ou até existe, mas totalmente editada para caber nas histórias e interesses seculares da igreja.
Poder visitar o Panteão é uma experiência rara: ele é da mesma época de algumas construções do Fórum Romano, mas o estado de conservação nem se compara. Muita coisa lá foi destruída ou depredada para que os materiais fossem reaproveitados em outras obras durante a era medieval e o Renascimento; a área foi abandonada, usada como pasto e área de plantações e redescoberta só no século XVI. Enquanto isso tudo, o Panteão permanece ali.
Meu palpite é que ele tenha sobrevivido a tudo isso por conta de sua localização, que é um pouco afastada da região do Coliseu-Fórum Romano-Palatino, e que Roma tenha se desenvolvido mais próxima dele do que dos outros monumentos. Mas a resposta vai ficar para a próxima visita 😉
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