Vicenza é conhecida no mundo todo por ser a cidade do arquiteto Andrea Palladio. É praticamente um museu arquitetônico a céu aberto, tanto que a UNESCO a declarou Patrimônio da Humanidade por conta de suas construções.
Mas não está na série A de cidades turísticas, então você provavelmente nem a tem na lista de lugares italianos para conhecer. Como Vicenza fica pertinho de Verona e de Veneza, é capaz de acabar tendo a chance de passar uma tarde lá. E, tendo essa chance, eu recomendo que você não deixe de ir ao Teatro Olímpico, de 1585.
Estar dentro do Teatro Olímpico é, por si só, uma experiência teatral, como estar em um cenário criado para parecer outro lugar no tempo no espaço.
Ele foi projetado por Palladio com base nas descrições dos teatros romanos de Vitruvio: de forma elíptica, circundado por colunas e estátuas de membros da Academia Olímpica, com uma estrutura majestosa no proscênio com três aberturas e decorada com relevos e nichos com mais esculturas.
A obra também teve bastante da criatividade do arquiteto, que não chegou a vê-lo pronto: ele morreu em 1580, poucos meses depois de fazer o projeto. E, como se isso não fosse bastante para te transportar para uma outra realidade por alguns minutos, praticamente tudo ali é original e está do mesmo jeito desde sua inauguração, das estátuas às madeiras da plateia.
Visita guiada no Teatro Olímpico
Sozinho, o Teatro Olímpico já impressiona; com ajuda da tecnologia na visita guiada, o passeio fica ainda mais especial.
O ingresso custa 11 euros. Às 10h e às 15h, sem custo adicional, há visitas guiadas por um tablet como parte do programa POP. Com o dispositivo em mãos, os visitantes têm um monte de conteúdos extras, como narrações sobre a história do Teatro e alguns apps interativos para passar o tempo enquanto as cortinas não se abrem – literalmente: antes de chegar à sala de shows, esperamos por alguns minutos uma contagem regressiva brincando em um quiz sobre a cidade e aprendendo sobre a sociedade vêneta do século XVI e as obras de Palladio.
Cerca de 15 minutos separam a entrada no Teatro Olímpico da incrível visão de seu palco, que é a maior estrela. É muito diferente de qualquer teatro que você já tenha visto, com uma beleza bem particular: há um cenário montado em perspectiva forçada, complementando as aberturas do proscênio. É uma das coisas mais bonitas que já vi em um teatro!
Durante a visita POP, há ainda uma demonstração de luzes e música que cria diversos efeitos e pontos de atenção, dizendo muito sem uma única palavra. O ambiente, inicialmente todo escuro, vai aos poucos recebendo novos elementos até ficar completo.
Começa pelas estátuas do palco, uma a uma. Depois, descobre-se o cenário das sete ruas de Tebas, utilizado na encenação de Édipo Rei que inaugurou o teatro, e foi criado por Vincenzo Scamozzi com tanta perfeição que virou parte dele. Por fim, observa-se as estátuas que circundam a plateia, até o foco terminar na de Andrea Palladio.
Essa apresentação dura vários minutos (não cronometrei, mas é mais longa do que eu imaginava) e, para tentar mostrar melhor como é, fiz um vídeo curto. Claro que não é a mesma coisa de ver ao vivo, mas pelo menos o celular que toca no meio da performance quebra menos o clima assim:
Caso você tenha a mesma curiosidade que eu sobre o cenário, ele se estende por 15 metros de profundidade, mas parece muito mais por dois motivos: primeiro, há uma leve inclinação para cima no chão. Depois, porque, na frente, a altura dos prédios é de oito metros; no fundo, 1,90m. Assim, qualquer um lá no fundo ficaria parecendo um gigante, mas não é possível ir até lá. Mais uma vantagem da visita POP: é exibido um vídeo que mostra como é passar entre as estruturas do cenário.
Vicenza não foi uma cidade que me impressionou tanto, e eu até cheguei a me questionar por que fui visitá-la se não tinha nada para fazer lá (na verdade, eu fui uma missão de reconhecimento para colocá-la na lista de cidades que quero morar na Itália, mas isso é assunto para outro dia!).
Mas ainda bem que fui: acho que realmente não existe nenhum teatro no mundo como o Teatro Olímpico.