Desde que eu cheguei na Itália, algumas pessoas me perguntaram como são os supermercados aqui. Como é um país conhecido no mundo todo pela culinária, a gente espera que os tipos de produtos sejam bem diferentes, com comidas que a gente nunca viu na vida e um preço mais acessível, né?
Então, neste post, vou responder algumas dessas perguntas com base na minha experiência, vivendo numa cidade pequena na região do Veneto – os valores são provavelmente diferentes em cidades maiores ou em outras regiões.
Como são os mercados na Itália
Eu confesso que não vejo muita diferença do mercado italiano para o brasileiro no que diz respeito ao lugar em si.
Na verdade, o que eu vejo de mais diferente não tem nada a ver com a comida: alguns têm o preço acima do produto, e não embaixo. É bom prestar atenção nisso para não pagar a mais no caixa depois: se a barra de chocolate da Kinder estiver por 50 centavos, você provavelmente viu errado.
Fora isso, há mercados maiores e menores, mais caros, com produtos de qualidade maior, e mais populares, com produtos bem mais acessíveis.
Nem precisa dizer que é nesses últimos que eu vou, né? Afinal, o meu dinheiro aqui veio contadinho em reais. Se eu ganhasse em euros, seria outra história: fazer compras no mercado na Itália é bem barato se você trabalha aqui.
Quanto custa?
De modo geral, instituí a regra para mim mesma de que não compraria nada acima de 2 euros, porque, no fundo, não é necessário! Tem de tudo por até € 1,99 e até as comidas mais baratas são muito boas. É nessa hora que fica claro como esse é um aspecto cultural muito profundo do povo italiano: não é preciso gastar muito para ter uma refeição gostosa, com ingredientes de qualidade.
A impressão que dá é que mesmo quem ganha pouco consegue se alimentar muito bem, tanto em qualidade como em quantidade. Claro que as coisas mais caras devem ser melhores, mas é possível ter uma alimentação completa gastando muito menos.
Para ilustrar, seguindo minha regra dos 2 euros, essas foram algumas coisas que comprei recentemente:
- Salsicha de porco (300g): € 1,98
- Carne de frango moida (300g): € 1,99
- Brócolis: € 0,99
- Geleia de morango: € 0,99
- Bandeja de 6 ovos: € 0,99
- Caixa com 5 croissants: € 0,99
- Barra de chocolate: € 0,50
- Creme de leite: € 0,55
- Salada lavada: € 0,99
- 2 caixas de molho de tomate (1,5L no total): € 0,78
- Vinho tinto: € 1,69 (como eu disse na última newsletter, não era tão bom)
- Queijo brie (200g): € 1,39
- Garrafa de água (2L): € 0,17
- Pão de forma: € 0,60
- Suco de laranja (2L): € 1,85
- Fettuccine (500g): € 0,80
Meu gasto semanal no supermercado fica em torno dos 20 euros, que está até abaixo do orçamento que eu pensava antes de vir. Faço quatro refeições por dia (café da manhã, almoço, café da tarde e jantar) e, arrisco dizer, como muito melhor aqui do que no Brasil porque todas elas são feitas por mim, em casa.
Ah: eu não sei cozinhar. Sério, eu não sei cozinhar, não gosto e faço apenas o necessário. Costumo comer ovos com pancetta no café da manhã, macarrão no almoço, torradinhas com café à tarde e uma piadina (que é um sanduíche feito num pão fininho, tipo o pão de wrap) no jantar. Até quem não é muito familiarizado com a cozinha se garante aqui!
Como são as comidas?
Sinceramente, quase tudo do que você encontra no Brasil também tem aqui. Mas há algumas diferenças grandes: por exemplo, arroz e feijão, como os que comemos, é bem difícil encontrar – eu mesma nunca vi, mas sei que algumas lojas de produtos importados vendem.
Quem gosta de comer carne em toda refeição também precisa passar por uma adaptação, porque elas são bem caras, especialmente as bovinas (e, dizem, a qualidade não é muito boa). Toda carne que comi aqui até agora foi suína, seja moída, seja em linguiça ou em bisteca, pois tem um preço mais acessível.
Também tem muito mais tipos de queijos nas prateleiras do que estamos acostumados e a preços amigáveis: é possível achar peças de 200g ou 300g de grana padano por cerca de € 3. Presunto e peito de peru até existem, mas o mais comum é prosciutto, também por um preço relativamente amigável.
Outra seção bem servida é a de pães, sejam os da padaria do mercado ou os que vêm prontos em saquinhos (como pão de forma, piadina, pãezinhos de leite ou os croissants da lista acima), e, claro, as de macarrão e de vinho. Aliás, acho que a maior diferença de preço em relação ao Brasil é dos vinhos: é possível achar vinhos bons por menos de € 2!
Mas e se converter?
Em termos de dinheiro, se você converter uma compra de € 20, dá uns R$ 85. Não é uma compra baratinha… Mas, se você comprar as mesmas coisas no Brasil, acredito que fique mais caro! E não apenas porque alguns itens específicos, como o vinho, custam muito menos aqui.
O poder de compra na Europa é bastante superior ao do Brasil. Se considerarmos um salário médio de € 1.580 na Itália (a Itália não tem salário mínimo definido por lei), a minha compra do mês equivale a cerca de 5% do valor dessa remuneração. Já no Brasil, considerando o salário médio como R$ 2.100, R$ 360 em compras equivale a 17%.
Como a gente traz em real para gastar em euro, tudo é caro. Mas é só se programar – e se controlar! – para comer bem 😉