Top 3 das 3 cidades que visitei na Sicília

Sete dias para conhecer a Sicília são melhores do que seis ou cinco. Mas não são suficientes para ver sequer a metade dos lugares mais interessantes; menos ainda para apreciá-los direito.

Este post está um pouco atrasado… Uns dois anos atrasado.

Mas acho que, se é para reclamar na internet, sempre vale a pena revisitar alguns temas.

Em abril (ou foi maio?) de 2023, fui passar uma semana na Sicília com meu o namorado. Nunca mais repetimos o que fizemos nessa viagem, que foi fazer um monte de coisa e visitar um monte de lugares em poucos dias. O trauma foi tanto que nossa viagem seguinte, para a Croácia, foi na verdade só para Dubrovnik por quatro dias (com um bate-e-volta na Bósnia-Herzegovina). E com um carro.

A Sicília é uma grande ilha no sul da Itália – meio que o pedaço de terra que a bota está chutando. Trata-se de uma área muito grande, com uma cultura própria e quase que independente do resto do país em alguns aspectos. Com uma história antiga e ocupações de diversos povos ao longo dos séculos, a Sicília tem um pouco de tudo: praias de água cristalina, vilas medievais no topo de colinas, ruínas de templos e arenas romanos, locações de O Poderoso Chefão, até vulcão tem.

Vale a pena conhecer a Sicília em sete dias?

Portanto, sete dias para conhecer a Sicília são melhores do que seis ou cinco. Mas não são suficientes para ver sequer a metade dos lugares mais interessantes; menos ainda para apreciá-los direito.

Só que não é todo mundo que pode simplesmente colocar o computador na mala e ir com uma passagem só de ida para Palermo ou Catania – eu mesma não posso. Então, é preciso planejar bem e saber que algumas coisas ficarão para uma próxima vez.

O lado bom é que pode sempre haver uma próxima vez.

No meu caso, gostaria de ter visitado os templos romanos em ruínas em Agrigento. Mas, depois de algumas semanas assistindo tudo quanto é canal de viagem no YouTube contando sobre os prós e contras de cada rota, acabamos decidindo que, com o tempo curto, seria mais proveitoso partir de Palermo para o leste, fazendo um loop passando por Catania e de volta, já que nossas passagens eram chegando e saindo de Palermo.

Roteiro de sete dias na Sicília

Nosso roteiro de sete dias na Sicília foi o seguinte:

  • Dias 1-2: Palermo
  • Dias 3-5: Catania
  • Dia 6: Taormina
  • Dia 7: Palermo

Então, este é meu top 3 das 3 cidades que visitei na Sicília:

3. Catania

Catania é a segunda maior cidade da Sicília, atrás da capital Palermo. No entanto, parece mais desenvolvida e organizada. Também achei, no geral, um pouco mais cara.

Pelo nosso planejamento, queríamos ter tempo para ver a cidade e um dia para visitar o vulcão Etna; então, seriam dois dias para passeios locais e um dia de tour.

Esse foi, provavelmente, o maior erro do nosso planejamento. Me perdoem os fãs, mas Catania foi um porre.

Achei a cidade entediante, sem muito o que fazer. Uma tarde seria suficiente para ver tudo que queríamos, e tivemos duas noites lá.

Meus lugares preferidos foram a Villa Bellini, um parque de paisagismo incrível no centro da cidade, e o teatro romano – que é uma visita interessante, mas, considerando que logo o anfiteatro de Taormina fica ali do lado, é um passeio que dá para pular.

Para coroar nossa estadia em Catania, eu inventei que queria ir ver a praia. Joguei no Google a mais próxima e fiz meu namorado andar cerca de quarenta minutos, passando por uma área duvidosa e depois por uma zona industrial onde sequer tinha calçada em alguns trechos. Era fim de tarde e a praia, cinzenta, estava vazia; quando ele desviou de uma seringa no chão, achamos melhor deixar para lá – e tivemos que esperar uma hora pelo primeiro dos dois ônibus que nos levaram de volta ao Centro, porque eu me recusei a andar por onde tínhamos vindo agora que estava anoitecendo.

Memórias.

Literalmente no meio das casinhas, as ruínas de um teatro romano

A excursão no Etna foi mais divertida e talvez mereça um post só dela, mas envolve uma tempestade de granizo e zero visibilidade do vulcão.

Mas não digo nada disso com remorso; olhando agora, tudo deu tão errado em Catania que damos risada lembrando. No entanto, das três cidades, definitivamente deveríamos ter passado menos tempo lá.

Nossa coisa preferida em Catania foi o restaurante que comemos na última noite: Trattoria del Cavaliere, onde as porções são bem generosas e o preço é bem justo. Não lembro o que comemos, mas lembro que tomamos duas jarras de vinho e em algum momento um gato apareceu na árvore do lado da nossa mesa.

2. Palermo

A primeira coisa que vem à mente para descrever Palermo é que é uma zona. Me lembro que, logo que chegamos, eu não sabia direito onde caminhar para não ser atropelada por menores de idade andando sem capacete em suas motinhos. Me parece que, em qualquer ângulo que você olhe na cidade, encontrará umas 17 texturas, 31 cores, 7 sons e 29 pessoas andando em direções diferentes.

Eu adorei.

A sensação de caos organizado em Palermo faz você se sentir como um observador, assistindo de camarote o dia a dia de quem vive ali. É lotada e barulhenta, mas muito acolhedora e divertida.

Sendo justa, também não é uma cidade onde há muito o que visitar. Nós cumprimos a maior parte da tabela fazendo um walking tour logo no primeiro dia – meu hack de viagem preferido, especialmente quando tenho pouco tempo em um lugar, para ver os principais pontos rápido, entender um pouco onde as coisas ficam e dar um contexto histórico e cultural para tudo que estou vendo. Assim, pudemos passar o resto do tempo passeando pelas vielas, tomando vinho barato e perdendo o trem para a praia (mas dando tudo certo mesmo assim).

Para quem assistiu O Poderoso Chefão, o Teatro Massimo é onde a Sofia Coppola morre no terceiro filme e você pode tirar uma foto na escadaria. Para quem quer tomar sol, dá para ir para Cefalù ou o ônibus para Mondello – recomendo as duas. Para quem quer comer e beber bem, dá para passar o dia pulando de restaurante em restaurante no Mercato Ballarò – vale dizer que Palermo foi, das três cidades que visitamos, a mais barata; comemos e bebemos muito bem gastando bem pouco. Para quem ama canoli (ou seja, todo mundo), o monastério de Santa Catarina é parada obrigatória para um canolo no jardim onde, dizem, surgiram as frutas martoranas – doces em formato de frutas criados para impressionar um papa que visitava a cidade.

O chiostro do monastério, um ambiente muito agradável onde você pode comer o melhor canolo da sua vida

1. Taormina

Linda, charmosa, simplesmente a maioral.

Taormina é uma cidadezinha na ponta leste da Sicília, próxima a Catania. Praticamente encrustada em uma área bem montanhosa, ela é um pequeno labirinto de vielas, restaurantes, cerâmicas e primaveras, com vista para um mar azul e para o Etna – e, se você der azar, não vai ver sequer uma fumacinha saindo do topo.

Taormina é o cenário do que você imagina que seja uma cidade na costa da Itália, naquelas férias que você salvou inteirinhas no Pinterest enquanto enrolava sentava na frente de um computador na Berrini para ligar para um jornalista que você nem lembra o nome para oferecer uma pauta que você nem imagina qual era. Prova disso é que Taormina também foi parte das cenas externas da segunda temporada de White Lotus.

A maior atração de Taormina é, para mim, a cidade em si. Ela é bem pequena, parece que caberia em um porta-joias, mas dá vontade de passar em cada uma das ruas mais uma vez, e de novo, e de novo. Ver o Etna de outro ângulo. Encontrar outro caminho para a praia. Passar mais uma tarde na praia. Visitar o anfiteatro mais uma vez, e repetir tudo de novo.

O anfiteatro, aliás, é de tirar o fôlego. No ponto mais alto da cidade, ele tem a melhor vista para o mar e te faz imaginar o espetáculo – literalmente – que era assistir a algo ali na Antiguidade. Pelo menos, ele recebe apresentações durante o verão; vale ficar de olho na programação.

Outra atração em Taormina é fazer uma excursão ao Etna – ou seja, o mesmo passeio que fizemos em Catania poderia ter sido feito em Taormina, o que nos daria um dia a menos na cidade que menos gostei e um a mais na que mais gostei.

Menção honrosa: Cefalù

Cefalù fica próxima a Palermo e é uma charmosa cidade com um centro medieval bem preservado e uma das praias mais gostosas que já fui na vida (e também foi usada como cenário em White Lotus). A água é cristalina e morna, com um mar super raso e comprido e vários restaurantes à beira-mar. Passamos um dia lá, na volta para Palermo, com as malas na praia e tudo; foi suficiente para sentir que vimos tudo que queríamos e ainda aproveitar algumas horas de areia. Definitivamente vale separar um dia em Palermo para conhecer.

O maior erro que cometi na Sicília

Mas, se não acertamos 100% na distribuição dos dias, erramos 100% na escolha de transporte. Decidimos usar transporte público na Sicília – ou seja, trens. E, se você já ouviu alguém falar algo sobre os trens na Sicília (para ser honesta, na Itália), provavelmente é que eles atrasam.

Na Sicília, ainda tem o agravante de que não há tantos trens por dia – por exemplo, quando perdemos o trem para Cefalù, o próximo era dali a algumas horas! Em uma viagem de poucos dias, isso pode significar um dia inteiro de passeio perdido.

O maior arrependimento da viagem foi não ter alugado um carro em Palermo para fazer todo o trajeto. Isso nos daria muito mais flexibilidade e conforto em todas as paradas, sem contar o tempo (e o nervoso) que economizaríamos. O que mais pesou na decisão de não alugar um carro era o valor da diária, algo em torno de 40-50 euros – significativamente mais caro que as passagens de trem.

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Giovana mal pode esperar pela terça-feira à tarde na qual estará tomando um drink numa praia no Mar Mediterrâneo rindo muito de tudo isso. Enquanto isso, escreve sobre viagem e morar no exterior por aqui!