Quase dois anos depois de me mudar para Londres, finalmente visitei uma cidade no Reino Unido: Cambridge! Poderia me alongar em mil desculpas sobre como é que isso foi acontecer, mas, no fundo, a verdade é que eu mal tive tempo de viajar. E, quando tive, fui seduzida por passagens internacionais muito baratas.
O bom é que tem trem saindo de Londres para tudo quanto é canto, e dá para fazer bate e volta em muitas cidades partindo daqui. Foi assim que meu namorado, que é britânico mas também não conhece lá muita coisa da Ilha, sugeriu de irmos passar um sábado em Cambridge.
O que fazer em Cambridge?
A primeira coisa que você talvez se lembre ao pensar na cidade de Cambridge é da universidade. Ela existe mesmo, posso confirmar. Então, se você pensa em ir para Cambridge por esse motivo, nem precisa mais.
Brincadeira.
Mas, de fato, a Universidade de Cambridge é, provavelmente, a coisa mais famosa da cidade. Ela foi fundada em 1209, sendo a terceira mais antiga do mundo ocidental – ela fica atrás de Oxford e Bolonha, que é a mais antiga do mundo.
No entanto, são os célebres ex-alunos que fazem a fama da Universidade de Cambridge. Stephen Hawking, Isaac Newton, Alan Turing, Charles Darwin, Lord Byron e até o escritor Nick Hornby, que é provavelmente o autor que eu mais li na vida. Cambridge é a universidade com o maior número de prêmios Nobel (atualmente, são mais de 120), e seus prédios ficam espalhados pela cidade. Ou seja, se você quiser apenas ir de um prédio para outro, já dá um bom passeio.
O que fazer em Cambridge – além da universidade
Cambridge é uma cidade bem charmosa e muito gostosa de passar o dia. Particularmente, o que menos me atraiu foram os prédios da universidade, talvez porque não pudemos visitar nenhum.
Pelo que pesquisei, seria possível entrar pelo menos até certo ponto… Mas, no dia que fomos, estavam todos fechados e só deu para ver de fora. Também li por aí que até dá para visitar, mas cada prédio cobra um ingresso separado… Enfim, veja quando estiver lá. Particularmente, eu não acho que pagaria para fazer essa visita, mas cada um que gaste no que quiser.
King’s College
Esse é, provavelmente, o prédio que você imagina ao pensar na Universidade de Cambridge e é a primeira foto deste post. Se não puder entrar nele, você tem duas vistas principais: uma fica na King’s Parade, uma das ruas principais, e a outra é do lado oposto, às margens do rio Cam. Mas essa é a King’s College Chapel, uma igreja que é considerada um dos principais marcos da arquitetura gótica inglesa. Ali, dava para entrar, mas precisava pagar umas 11 libras e decidimos gastar essas 22 libras em outra coisa.
The Corpus Clock
Do outro lado da rua, fica o Corpus Clock, um relógio muito diferentão que vai ser impossível de não notar. Ele é folheado a ouro e tem um gafanhoto em cima, que “puxa” o mecanismo do relógio (em inglês, se chama “grasshopper escapement”, algo como “escape do gafanhoto”) e é hipnotizante de assistir.
Esse é um monumento bem recente de Cambridge: foi inaugurado em 2008 com a presença de Stephen Hawking, mas seu inventor foi John C. Taylor. Infelizmente, não tem muita informação sobre como ele funciona ou seus símbolos lá, mas nesta página tem tudo explicadinho (em inglês).
The Eagle
Esse é, provavelmente, o pub mais famoso da cidade. O local existe desde 1525, mas começou a ser pub em meados de 1600s e ficou famoso por ser onde os cientistas que descobriram a hélice dupla do DNA frequentavam. Pudera; é o pub na frente da faculdade, o que me faz imaginar se o Ubaiano, na frente da Unesp de Bauru, um dia terá esse tipo de reconhecimento.
Hoje, o The Eagle pertence à rede Greene King, o que significa que é bem bonito por dentro e serve comidas gostosas. Também estava totalmente lotado quando fomos e acabamos preferindo o pub ao lado, que também deve ter servido muitos pints para muitos cientistas.
Museu Fitzwilliam
Esse ficou para a próxima visita, mas quis por aqui para o caso de você ter tempo de visitar. Esse é o principal museu da Universidade e tem uma enorme coleção de arte, com pinturas de artistas como Picasso, Van Gogh, Cézanne, Monet e Rubens, entre muitos outros, sem contar os objetos históricos. Além disso, a arquitetura dele é um espetáculo à parte.
Praticamente em frente a ele, fica outro ponto que pode ser de interesse: no número 22 da Fitzwilliam Street, fica o imóvel que foi casa de Charles Darwin em Cambridge… Por um ano, entre 1836 e 1837.
The Banks
Essa foi a maior frustração do nosso passeio: o gramadão atrás da King’s College Chapel, conhecido como The Backs, estava fechado para o público! Nunca achei que ia sentir inveja de vacas pastando, mas foi isso mesmo que senti. Talvez fosse pela estação, já que era início de outono, mas queria muito ter lagarteado ali no sol.
As pontes de Cambridge
Já parou para reparar no nome Cambridge? Cam-bridge, “ponte do Cam”. A cidade é cortada pelo rio Cam, e tem várias pontes que permitem atravessá-lo. O rio em si é bem estreito, parece mais um canal, e os punts ajudam a dar essa impressão quase veneziana. Os punts são um tipo de barco que é guiado com um bastão no fundo do rio – em vez de um remo, eles são “empurrados” com esse bastão, o que faz com que seja, ao menos em teoria, mais fácil de remar.
Já volto nesse assunto.
Duas pontes são bem famosas: a Ponte Matemática e a Ponte dos Suspiros.
A primeira leva esse nome porque foi erguida apenas com madeiras retas, apesar de seu formato arqueado. Segundo a lenda, não tinha parafusos originalmente, e era mantida em pé apenas com a tensão das ripas. Segundo essa versão, alguns alunos da universidade tentaram desmontá-la para entender a fórmula que a manteve em pé e não conseguiram montar de volta, por isso hoje tem parafusos. Mas, na verdade, ela sempre teve.
Já a segunda se chama Ponte dos Suspiros por causa da semelhança com a ponte de Veneza.
Leia também: A vista na Ponte dos Suspiros realmente faz suspirar?
Ver a Ponte Matemática é bem fácil: ela fica na região mais central da cidade e você provavelmente vai acabar chegando lá sem nem perceber. Já a Ponte dos Suspiros exige uma caminhada um pouco maior, ou um passeio de barco.
Passeio de barco em Cambridge
Lembra dos dois ingressos de 11 libras que não quisemos pagar para entrar na King’s College Chapel? Pois bem, eles contribuíram para o nosso aluguel do entretenimento aquático.
Existem, basicamente, três opções para navegar pelo rio Cam:
- Fazer um tour guiado, no qual um “punteiro” – que normalmente é um estudante da Universidade – pilota o barco e te conta tudo sobre Cambridge no caminho
- Ser o “punteiro” você mesmo, com um barco alugado
- Alugar um caiaque
Descartamos o tour guiado porque não cabia no nosso orçamento. Então, como estávamos apenas em dois e nenhum de nós quis arriscar ficar em pé na beirada do barco enquanto empurrava ele com um bastão, optamos pelo caiaque, que nos pareceu mais confortável. Era também era a opção mais barata – acho que pouco mais de 30 libras por uma hora e meia de passeio.
Uma hora e meia foi suficiente para ir até a Ponte dos Suspiros e voltar. Guiar o caiaque é bem simples e pudemos aproveitar a maior parte do rolê, inclusive paramos o barquinho na altura da King’s College Chapel para observar a vista um pouco mais, já que The Banks estava fechado.
Em geral, o passeio foi bem tranquilo.
Em geral.
Me sinto na obrigação de dizer apenas para que você fique de boas do lado direito e não tente “ultrapassar” outros barcos. Quase, mas quase mesmo, que a canoa virou, o que rendeu muitas risadas nervosas da nossa parte e genuínas de todos os outros envolvidos. Também tivemos nosso momento de rir da desgraça alheia com um casal de senhores que perdeu o bastão – sim, o cara afundou tanto o bastão que a correnteza levou o barco embora e o bastão ficou lá, no meio do rio!
Vale citar também que, como o rio Cam é bem estreito, tem momentos em que os barcos batem mesmo. Por isso, não fique com a mão para fora, porque as chances de prensar o dedo ali são altas. Mas, idiotices de turista à parte, é um passeio bem gostosinho de fazer!
Como ir de Londres a Cambridge
Nossa viagem foi de manhã até o início da noite – não lembro os horários exatos, mas acho que chegamos umas 10 da manhã e fomos embora umas seis da tarde. Para mim, foi tempo mais que suficiente para ver a cidade, inclusive coisas que não pus no post, como andar descobrindo as ruazinhas estreitas, ver o mercado central, tirar um cochilo na grama, explorar os outros museus da universidade… Ou seja, um dia em Cambridge dá pro gasto, mas, se quiser esticar a viagem, dá para encontrar o que fazer.
O trem saindo de Londres para Cambridge sai tanto de King’s Cross como de Liverpool Street e é possível comprar ida e volta por cerca de 15 libras no app ou site Trainline, usando a tarifa Super Off Peak Day Return. A viagem demora cerca de 1h20.
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